"Só podemos esperar por mudanças reais se todos estiverem comprometidos em se posicionar"
Funcionários LGBTQIA+ da Roche compartilham suas história

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A comunidade LGBTQIA+ Roche é um legado importante e permanente de nossa cultura. Ela faz parte da multiplicidade de vozes que permite que cada um de nós prospere em seu trabalho e tenha uma vida com propósito. Hoje, mais do que nunca, é fundamental ouvir suas trajetórias para apoiar a inclusão e nos tornarmos aliados. Em homenagem ao Mês do Orgulho LBGTQIA+, convidamos alguns de nossos colaboradores a compartilhar suas experiências e desejos para o futuro.

A importância de ter aliados

André Bertomeu trabalha na Roche Medical Affairs Brasil e, como presidente da Rede OPEN*, acredita no valor de se contar com aliados para ampliar a conscientização sobre a comunidade LGBTQIA+. Ele comenta sobre uma vitória obtida no Brasil.

Só podemos esperar por mudanças reais se todos estiverem comprometidos em se posicionar. Um aliado é qualquer pessoa que apoie a comunidade LGBTQIA+, e suas vozes e ações ativas são essenciais para ajudar os outros a entenderem os desafios enfrentados pela comunidade LGBTQIA+, e, assim apoiar a igualdade.
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Alcançar as pessoas que não têm conexão com a comunidade LGBTQIA+ para conversar sobre o tema é um grande desafio. Normalmente, nossas atividades atraem pessoas que já estão sensibilizadas. No entanto, estamos sempre procurando maneiras de expandir os debates e acredito que os aliados são a pedra angular para isso. Os aliados também desempenham um papel essencial na atração de talentos mais diversos para grandes empresas como a Roche, pois, muitas vezes, tomam decisões na contratação de talentos.
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André e seus colegas, na Parada do Orgulho LGBTQIA+

Contradições

O Brasil é um país de contradições quando se trata de assuntos LGBTQIA+. Embora tenhamos a maior Parada do Orgulho LGBTQIA+ do mundo - em 2019 o evento reuniu cerca de 3 milhões de pessoas - também somos o país com as maiores taxas de violência contra a comunidade. 
Somos um país polarizado, com enorme desigualdade social e alguns grupos, incluindo transgêneros e negros, são muito mais atingidos. Por outro lado, os movimentos sociais estão se organizando cada vez mais e os direitos LGBTQIA+ evoluíram significativamente nos últimos anos, com a legalização da adoção conjunta e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.


Efeitos da pandemia

Tínhamos grandes planos para o OPEN*, como a participação confirmada em eventos de igualdade, uma cúpula global e muitas iniciativas em andamento localmente que poderiam potencialmente ter um impacto positivo para a comunidade LGBTQIA+. Com o início da pandemia, porém, tivemos que mudar muitos de nossos planos.  A cada cancelamento de evento e diante da impossibilidade de dar sequência a iniciativas, mais frustração e ansiedade sentíamos. Fiquei surpreso em ver como nossa equipe OPEN* encontrou forças e buscou soluções criativas e empáticas. Bons exemplos disso são os iBuddies (uma iniciativa para conectar membros das comunidades LGBTQIA+ da Roche e aliados em todo o mundo em conversas informais, realizadas a distância, com foco no apoio do desenvolvimento pessoal e profissional), a cúpula virtual Global Open e o engajamento completo de nossos membros na redefinição da maneira como trabalhamos no cenário atual. Outra conquista que nos deixou muito orgulhosos foi o lançamento do logotipo Roche com a bandeira do arco-íris, em apoio às atividades do mês do Orgulho LGBTQIA+.

Algumas boas notícias

Também tivemos boas notícias no Brasil. O Supremo Tribunal Federal derrubou regras que limitavam a doação de sangue por homens gays e bissexuais. Essa foi uma vitória importante para os direitos humanos e para os pacientes, especialmente em um momento em que as doações de sangue diminuíram significativamente devido à pandemia.

Caminhando a passos largos

Laura Lange é Gerente Sênior de Projetos Globais no Centro de Excelência em Saúde Personalizado com sede em Genentech, em South San Francisco. Ela compartilha duas histórias que destacam os progressos feitos na Genentech em questões relacionadas à comunidade LGBTQIA+, graças ao apoio de aliados engajados.
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Em maio de 2019, a Genentech compartilhou, pela primeira vez, um detalhamento dos dados de diversidade com todos os funcionários. Apesar de os dados mostrarem que percorremos um longo caminho na representação de gênero, para a comunidade LGBTQIA+, eles não eram representativos, pois consideravam as categorias típicas binárias de homens/mulheres sem subsídio para outros tipos de identificação não-binária. 

Pesquisas mostram que os jovens que entram no mercado de trabalho atualmente se identificam como de gênero-fluido ou não-binários em uma prevalência bem maior do que ocorria nas gerações anteriores. Então, mudar a maneira como coletamos dados se mostra essencial para fazer com que todos sintam que trabalham em um local inclusivo.

Comecei, então, juntamente com um copresidente da gPRIDE – associação da rede de diversidade Genentech que promove a inclusão e capacita membros da comunidade a defender os direitos humanos e civis – a mostrar a importância de a empresa coletar dados LGBTQIA+. Em 2019, os líderes responderam, incluindo na autoidentificação voluntária a identidade de gênero e orientação sexual para funcionários da Genentech e da Roche nos EUA.

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Uma aliada importante

Nosso CEO, Alexander Hardy, criou o cargo de Diretor de Diversidade da Genentech para sua equipe de gestão. Ele nomeou para ocupar a posição Quita Highsmith, uma apoiadora de longa data e aliada da comunidade LGBTQIA+. Quita está trabalhando para fomentar o pertencimento, promover a pesquisa inclusiva e a equidade em saúde, como parte da estratégia de diversidade e inclusão da empresa. Recentemente, ela ampliou seu escopo para avançar na pesquisa inclusiva e a desejada transformação da sociedade, incluindo a comunidade LGBTQIA+ nesta iniciativa. Há disparidades, vieses médicos e problemas com o registro preciso da identidade de gênero e orientação sexual nos prontuários médicos de membros da comunidade. A chave, novamente, é coletar mais dados para fechar essa lacuna. Como uma forte aliada, Quita tornou sua missão incluir nossa comunidade nesta iniciativa.

Dois lados da mesma moeda

William Haylett é cientista de Pesquisa e Desenvolvimento Precoce na Roche Diagnostics na Cidade do Cabo, África do Sul. Ele compartilha como seu país tem uma atitude fragmentada em relação à comunidade LGBTQIA+. 
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No papel, a África do Sul é um farol dos direitos LGBTQIA+. Foi o primeiro país do mundo a garantir a proteção contra a discriminação baseada na orientação sexual e identidade de gênero, na Constituição mais progressista de sua época. Foi o quinto país do mundo (e única nação no continente africano) a legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2006. No entanto, há uma disparidade estranha entre as nobres aspirações de nossas políticas pós-apartheid e as experiências vividas pelos sul-africanos, onde equívocos sobre questões LGBTQIA+ e o desprezo por indivíduos LGBTQIA+ são muito comuns. 
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Os dois lados dessa moeda são exemplificados por uma pesquisa nacional de 2015 que relatou que, enquanto 51% dos sul-africanos dizem defender que os gays devem ter seus direitos humanos respeitados, 72% acham que relacionamentos de pessoas do mesmo sexo é algo moralmente errado. Isso não é totalmente inesperado porque a sociedade sul-africana, embora diversa e complexa, é esmagadoramente religiosa, patriarcal e moralmente conservadora. Além disso, conceitos tradicionais de masculinidade muitas vezes resultam em violência e abuso homofóbicos, com 44% dos sul-africanos LGBTQIA+ relatando  sofrer abuso verbal, físico e/ou sexual em suas vidas diárias devido à sua orientação sexual. Claramente, a proteção constitucional faz pouca diferença quando você é ameaçado de estupro corretivo ou espancamento gay, ou quando você é abandonado por amigos e familiares sob o pretexto religioso de 'ame o pecador, mas odeie o pecado que ele comete’. 

Experiência pessoal diferente

Essa imagem sombria não é minha experiência pessoal. Morando em um bairro rico e historicamente branco na Cidade do Cabo, raramente tenho que pensar duas vezes antes de sair em público. Eu moro na “capital gay” da África, com casas noturnas para esse público, festivais de cinema e eventos de orgulho LGBTQIA+. Eu posso andar de mãos dadas com meu noivo quando ando pelas ruas movimentadas. No caminho para seu trabalho, ele me deixa na entrada do prédio da Roche e eu recebo um beijo de despedida no rosto. Falo abertamente sobre os preparativos para nosso casamento no trabalho. 
Esse conforto de ser tão visível se deve, em parte, à louvável cultura de inclusão da Roche. Também contribui para isso minha familiaridade com a estrutura legal antidiscriminação progressiva da África do Sul, à qual tenho acesso por ser um funcionário LGBTQIA+. Mas, principalmente, é devido ao fato de eu ser um homem branco, de classe média alta, cisgênero, elementos que me servem como um escudo. Tenho o privilégio de viver em uma bolha social, onde ser gay não é um problema. Porém, isso não é verdade para muitos indivíduos LGBTQIA+ negros, pobres ou até mesmo sem-teto, que também fazem parte da Cidade do Cabo 'gay-friendly'.
É irônico que eu tenha uma voz, ao invés de indivíduos LGBTQIA+ mais socialmente desfavorecidos, que estão desesperados para serem ouvidos. Minha vida é fácil, até um pouco entediante, e eu sou grato por isso. A maior discriminação que enfrento são sussurros ocasionais de 'moffie', um insulto gay africâner, proferidos por pessoas que cruzam por mim nas ruas, e por isso também sou grato, porque perdoo a ignorância e sigo em frente, sem ser afetado. Eu ouço histórias de comunidades menos afortunadas, fora da minha bolha social, onde provocações vocais de 'moffie' são, muitas vezes, anúncio de assédio e violência.


“Políticas baseadas no preconceito, e não na ciência, ainda existem”

Mike Wierzba, Gerente de Assuntos Regulatórios da Roche Tissue Diagnostics, é presidente do Grupo OPEN* na unidade de Tucson, Arizona, nos EUA. Ele fala sobre os desafios que a comunidade enfrentou no início da pandemia de Covid-19 e a importância de ter aliados.
Embora todos tenhamos sido desafiados pela pandemia de Covid-19 pela redução de nossa possibilidade de interagir socialmente e o aumento da ansiedade pelo medo de se contaminar, os membros da comunidade LGBTQIA+ foram particularmente afetados. Para aqueles de nós que se sentiram socialmente isolados quando crianças – por não terem sido aceitos ou pela dificuldade de se identificarem com os padrões que conheciam - o distanciamento do nosso círculo social é um gatilho para emoções associadas a essas experiências passadas, adicionando isso às dificuldades trazidas pela pandemia. Também vi idosos da comunidade que ficaram sozinhos, sem família próxima, sendo grupo de risco. Aqueles de nós que viveram a crise inicial da AIDS, sem dúvida, viram paralelos com a pandemia de Covid e os medos e dúvidas associadas.
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Legenda da foto:  Mike, na primeira fila à direita, apoiando o movimento do Orgulho LGBTQIA+
No grupo OPEN* da Roche Tissue Diagnostics temos a sorte de contar com muitos aliados. Para alguns desses aliados seu envolvimento é pessoal, pois eles têm um filho, pai ou outro membro da família que é LGBTQIA+. É essa conexão pessoal que motiva suas contribuições para tornar nosso local de trabalho e comunidade mais inclusivos. É esse senso de comunidade inclusiva que me ajuda a focar no meu trabalho sem a ansiedade de ter de lidar com os preconceitos dos outros.

Restrições à doação de sangue

Estou fiquei muito orgulhoso em ver a contribuição que a Roche Diagnostics fez com relação à disponibilidade de testes de Covid, o que aliviou alguns desses medos. Também vejo áreas onde a importância dos diagnósticos de qualidade pode ter mais impacto. Apesar da inovação nos testes de HIV e os protocolos de segurança, alguns países como o Reino Unido e os EUA ainda colocam restrições à doação de sangue por homens que fazem sexo com homens. Em resposta à pandemia de Covid, essas restrições foram reduzidas de 12 meses sem contato sexual para três meses. No entanto, ainda não posso deixar de me sentir discriminado por uma sociedade onde políticas como essas ainda existem, estando baseadas no preconceito e não na ciência. 
É gratificante trabalhar em uma indústria que pode mudar isso e ver como a expertise em diagnósticos na Roche pode ajudar a educar e levar informação que qualidade para a construção de políticas mais inclusivas, que reconheçam como os testes diagnósticos modernos e de qualidade mitigam os riscos percebidos.
Estou muito animado com a sinergia de #RochePride e #RocheProud!"  

É difícil ganhar uma guerra sem aliados.

Iain Gowers é Analista de Suporte Técnico na Roche Diagnostics, Burgess Hill, Reino Unido e lidera o grupo OPEN* no Reino Unido. Ele comenta sobre o quanto está grato por ter aliados que ajudam a crescer a comunidade LGBTQIA+ com apoio e envolvimento diretos.
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A unidade de Burgess Hill fica dentro de uma pequena cidade, a 12 km ao norte da cidade de Brighton. Brighton & Hove é conhecida como a "capital gay" não-oficial do Reino Unido. A maioria dos funcionários da Burgess Hill, portanto, tem uma conexão direta ou experiência com a comunidade e eventos LGBTQIA+ locais.
Legenda da foto:  Iain Gowers com amigos na Parada do Orgulho LGBTQIA+
Somos uma unidade muito diversa, com pessoas LGBTQIA+ espalhadas por todos os nossos departamentos. Por isso, as pessoas queriam poder se reunir com mais frequência e ter um lugar para discutir coisas como os tiroteios em Orlando em uma boate gay, o aumento de crimes de ódio e comentários homofóbicos que aconteceram após a votação do Brexit.  Então, resolvemos começar. Foi muito fácil criar esse grupo e os membros estavam muito interessados em marcar presença na Parada do Orgulho LGBTQIA+ de Brighton & Hove, no Reino Unido, evento que atrai mais de 500 mil pessoas. Desde 2017 participamos e fomos o primeiro grupo da Roche a participar de uma parada de orgulho.
Mas não seria possível começar o grupo OPEN* em Burgess Hill sem a ajuda de aliados. Eu pedi a eles que me ajudassem na divulgação do primeiro encontro, garantindo que todos os funcionários LGBTQIA+ recebessem o convite. Nossos aliados são parte integrante do grupo, administrando as redes sociais e se envolvendo diretamente com o movimento do orgulho LGBTQIA+. Não teríamos vencido a guerra sem eles.

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A questão da doação de sangue

Uma vez, fizemos uma campanha para um banco de sangue. Isso foi em novembro de 2017, quando havia uma lei no Reino Unido que determinava que homens gays só poderiam doar sangue se tivessem passado por período de abstinência de 12 meses. Um colega de trabalho me perguntou se eu iria doar. Eu fiquei muito desconfortável e sem saber como responder. Foi uma pergunta muito pessoal, mas feita sem má intenção. Felizmente, alguns colegas entenderam e explicaram sobre a lei. A reação imediata dele foi dizer que aquilo era totalmente desnecessário, pois temos a tecnologia para detectar o HIV em qualquer sangue doado e exigir abstinência não faz sentido.

*OPEN é um grupo LGBTQIA+ dentro da Roche,     que busca promover um local de trabalho inclusivo para todas as orientações sexuais, identidades de gênero e expressões de gênero.
Iain participando do Pride

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